Mal podia esperar (e valeu a pena esperar) para ouvir com calma o novo álbum dos Arautos do Rei. O que eu não esperava, porém, foi o susto que eu levei. Os primeiros trinta segundos de “Prefixo 2008”, a “nova versão” de “Breve Jesus Voltará”, remeteram-me a um passado recente. A intensidade do instrumental da orquestra me fez voltar no tempo, há sete anos atrás. Quem não ouviu a música ouça para ter uma noção do que estou falando.
No período de minha infância e adolescência eu fui influenciado pelo o que meu irmão mais velho ouvia; fato muito comum entre os garotos. Uma das bandas que ele ouvia e que mais me atraiu foi o Iron Maiden. Alguns anos se passaram desde que eu tive o primeiro contato com a banda. Então, em 2001, a principal atração do Rock in Rio foi o Iron Maiden. A partir daquele evento, e durante cerca de cinco anos, eu passei a me dedicar a essa banda. Eu tinha CDs, fitas K7, LPs, VHS, DVD, camisetas, revistas, pôster na parede, letras impressas e um livro que contava detalhes minuciosos da banda (que o meu irmão chamava de “Bíblia”). Hoje, só me restaram as memórias deste passado. Ainda consigo lembrar a discografia, algumas músicas e letras. O restante eu dei fim.
Por outro lado, eu procuro tirar lições deste passado e vejo que Deus é imbatível ao transformar maldições em bênçãos. À luz das verdades bíblicas, todas aquelas letras e canções ratificam o contexto do grande conflito e da realidade em que vivemos.
Algo que me fascinava, na época, era a temática histórico-literária, presente nas letras. Muitas delas baseadas em livros de autores como Edgard Allan Poe.
Vivendo uma vida fora dos princípios de Deus (ainda que um tanto ajuizado) estes ingredientes faziam parte da minha cultura musical: vida após a morte, assassinatos, ocultismo, sociedades secretas, prazeres mundanos, crueldades, suicídio, destruição, prostituição, conflitos armados, espiritismo, reencarnação, blasfêmias, medo, ira, ódio e por aí vai.
Vocábulos bíblicos aparecem em algumas letras, mas não há ofensas diretas a Deus. Contudo, mesmo sem ofender de maneira direta a Divindade, como é o caso de outras bandas, o Iron Maiden tem 32 anos de satanismo. Esta é a receita para que uma banda de rock permaneça por muito tempo na ativa (ouça a palestra sobre música de “Guerra dos Sentidos”). No contexto da nova era, no ano de 2000, o Iron Maiden lançou o CD “Brave New World” que significa “Admirável Mundo Novo”. Ele foi baseado no seguinte livro (extraído de Wikipédia):
Brave New World, na versão original em língua inglesa, é um livro escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932 que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse "futuro" criado por Huxley não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família também não existe.
Vejamos a letra traduzida de uma música desse disco:
Anjo Decaído (The Fallen Angel)
Azazel está do seu lado e ele está jogando um jogo
Demônios estão dentro de você e eles estão fazendo a jogada
Olhando e eles se escondem enquanto esperam pela hora
De um diabo se preparar e dominar sua mente
Somente você e Deus saberiam o que poderia ser feito
Somente você e Deus saberão que eu sou o único
Somente você e Deus saberiam o que poderia ser feito
Somente você e Deus saberão que eu sou o escolhido
Poderá esse ser o fim de nosso mundo?
Todas as coisas que acalentamos e amamos
Nada resta a não ser enfrentar isso sozinho
Porque sou o escolhido
Anjo decaído batido, mas me reergui
E o poder está dentro de mim, eu decidi rezar
Enquanto espero pelo Armagedom e está vindo ao meu encontro
É uma honra ser escolhido e eu espero pelo dia
A primeira palavra desta letra traduzida? O bode azazel! O bode que era levado vivo ao deserto no dia da expiação, representando satanás no juízo final, é o principal símbolo dos satanistas.
Em outras “músicas” da época áurea da banda, vemos coisas bem mais latentes: “Eu sou ele... o anjo decaído olhando para você, a prostituta escarlate... Lúcifer é o meu nome”; “eu não posso morrer, eu sou Deus”; “dois minutos para a meia-noite, para exterminar os fetos no útero”; “traga a sua filha para a matança”; “Judas meu guia, sussurros na noite”; “o inferno não é um mau lugar, o inferno é daqui para a eternidade”; “eu quero ver o seu sangue... ver o sangue começar a escorrer enquanto cai no chão”, e daí por diante.
Outras ainda: “há um tempo para viver... mas não é estranho que, tão logo que você nasce, já esteja morrendo... e renascendo novamente?”; “apenas os bons morrem jovens, todos os maus parecem viver para sempre”; “eu tenho um medo constante de que algo está sempre perto, eu tenho uma fobia de que alguém está sempre ali”; “eu morrerei, minha alma flutuará e então eu viverei para sempre... corpo morrerá, minha alma flutuará e eu viverei para sempre”; “diga adeus à gravidade e diga adeus à morte, olá para a eternidade e viva com todo o fôlego” (interessante isso, em comparação com 1 Tessalonicenses 4:17). Alguns títulos interessantes de músicas: “Filho pródigo”; “Santuário”; “Santificado seja o vosso nome”; “Escravo do poder”; “Sinal da cruz”, “Purgatório”; “Outra vida”; “Crianças do amaldiçoado”; “Não reze para o moribundo”; “Advertências proféticas”; “O Vidente”; “Posso brincar com a loucura?”; “A Profecia”.
Vejamos agora alguns trechos da música mais polêmica da banda, muito famosa no “mundo rock”, chamada “The number of the beast” ou “O número da besta” (mas que não tem muito a ver com a profecia de Apocalipse 13): “inferno e fogo foram feitos para serem descarregados... tochas acesas, cantos sagrados eram entoados... à noite, o fogo queima brilhante, o ritual é iniciado, o trabalho de satã é feito... eles parecem me hipnotizar, não posso evitar aqueles olhos... eu voltarei, eu retornarei, eu tomarei posse do seu corpo e lamber o seu sangue... eu tenho fogo, eu tenho força, eu tenho poder para fazer com que a minha vontade seja respeitada”.
O último CD lançado, de 2006, chama-se “Uma questão de vida ou morte”.
Curioso. No primeiro estudo bíblico que eu fiz há essa declaração:
“Vivemos em um mundo onde o bem e o mal, o certo e o errado lutam pela supremacia. Há apenas dois lados nesse grande conflito espiritual. De que lado estamos? Esta é uma escolha de conseqüências eternas – porque a vida e a morte são, literalmente, eternas”. Clifford Goldstein (extraído da série de estudos “O Grande Conflito” do Pr. Luís Gonçalves).
Esta foi uma pequena amostra das coisas com que eu tive íntimo contato. Muitos, infelizmente, no mundo todo, ainda cultuam esse instrumento satânico que é o rock. Dou graças a Deus, pois na plenitude dos tempos de 2006 eu fui liberto destas coisas. Eu já fiz a minha escolha. Amém!
Quanto ao novo CD dos Arautos do Rei, “Vale a Pena Esperar”, achei muito bom. Tanto em termos de melodia e harmonia, como de mensagem. O quarteto atual é bem afinado, as vozes são prazerosas de se ouvir e não tomei mais o tal susto!