RESUMO
O desenvolvimento histórico da
profecia de Daniel 11 foi dividido em seis seções, seguindo a análise verso a
verso do texto profético e as direções combinadas das duas estruturas.
(1) O relato profético prepara
o cenário desta história particular com “As Guerras de Miguel” (10:21b-11:4),
que cobrem os tempos antes do Novo Testamento, sob os reis persas e gregos. Uma
pausa parentética no quarto rei da Pérsia, identificado como Artaxerxes, que
marca o ponto de partida dos tempos proféticos de Daniel (cf. 9:24-27; 8:14),
sugere desde o início que este conflito tem a ver com a história da salvação.
(2) Então, o texto profético
faz um salto na história, seguindo a trajetória no texto paralelo de Daniel 8,
e nos leva ao tempo do surgimento do pequeno chifre em Daniel 8. “O Preço do
Casamento” (11:5-13a) relata o período conturbado do surgimento do
Cristianismo como uma instituição formal e poderosa, com o início das alianças
entre Igreja e Estado (Constantino, Clóvis), e os consequentes abusos e
iniquidades da Igreja Católica Romana e do papado durante a Idade Média, as
Cruzadas e a Inquisição. Em seguida, é seguido pela reação do outro lado,
incluindo o cativeiro de Avignon e o surgimento do Renascimento e do
racionalismo.
(3) “O Drama da
Perseguição” (11:13b-27) descreve o processo de perseguição desde seu
estabelecimento e desenvolvimento até sua queda. Este é o tempo das guerras de
religião e da perseguição intensa, com a ajuda dos jesuítas. A visão destaca o
massacre do Dia de São Bartolomeu e traça as intrigas da conversão de Henrique
IV ao catolicismo. Este é o tempo do desenvolvimento das missões estrangeiras,
quando a Igreja, apoiada pelos jesuítas, se expandiu para todo o mundo. Este
período termina com os eventos dramáticos associados à Revolução Francesa e
Napoleão (a “ferida”; cf. Apocalipse 13:12), que marcam a queda do poder
perseguidor.
(4) Em “Radioscopia
Teológica” (11:28-39), a visão não está mais preocupada com a progressão
cronológica da história e se concentra no nervo espiritual do conflito em que a
Igreja se opõe a Deus e Seu povo. A iniquidade da Igreja é denunciada (“a
abominação da desolação” e a retirada do diário do santuário celestial). O
evento em perspectiva é o Dia da Expiação escatológico, o julgamento de Deus.
(5) “O Tempo do Fim”
(11:40-44) retoma o último evento profético, o ataque do Rei do Sul
(“ferida”), marcando o início do tempo do fim e revelando o cenário do tempo do
fim. Usando meios sobrenaturais (cf. Apocalipse 13:13), o Rei do Norte (a
Igreja) subjugará as forças do Rei do Sul (o campo secular, não religioso).
(6) “A Vitória de Miguel”
(11:44-12:1a) conta a história do confronto final entre as forças do Rei do
Norte que vêm do oeste e as forças originárias do leste (o campo de Miguel).
Este confronto termina com a destruição do poder maligno e a ascensão de
Miguel. Este é o fim do “tempo do fim”.
ESBOÇO DA HISTÓRIA SUGERIDA E
PREVISTA EM DANIEL 11
11:2 Quarto rei persa: Artaxerxes I (465-424 a.C.).
11:3
Alexandre, o Grande (336-323 a.C.).
11:4
Divisão do reino de Alexandre: os Diádocos [quatro generais] (323-330 a.C.);
sucessão a “outros além destes”: Roma implícita (330 a.C.).
11:5-8
Surgimento do Cristianismo e do papado, domínio romano (Diocleciano,
Constantino); primeiros compromissos (284-476 d.C.). Invasões de tribos
bárbaras: Burgúndios, Francos, Visigodos, Vândalos (370-455 d.C.).
11:9-10
Ascensão da supremacia papal: Ostrogodos deixam Roma (533 d.C.). Cooperação
entre Igreja e Estado (Clóvis, Carlos Magno); Cruzadas, Inquisições (476-1400
d.C.).
11:11-12
Cativeiro de Avignon (1309-1377 d.C.); Renascimento e racionalismo (1400-1600
d.C.).
11:13-25a
Contra-Reforma Católica (Concílio de Trento, 1545-1563 d.C.); expansão
missionária; guerras de religião, perseguição (1600-1789 d.C.): Massacre do Dia
de São Bartolomeu (1572 d.C.).
11:22
Perseguição ao povo de Deus; mensagem de conforto e esperança: Crucificação de
Jesus (70 semanas, 9:25) e Jesus como Sumo Sacerdote (2.300 tardes e manhãs,
8:14).
11:25b-27
Revolução Francesa-Napoleão, Concordata (1789-1798/ 1801- d.C.).
11:28-39
Relato não cronológico, muda para insight teológico: denúncia e julgamento
contra a Igreja por usurpação e apostasia, idolatria (“abominação da
desolação”) e crimes e perseguição contra o povo de Deus (“a santa aliança”).
Tempos proféticos (1.260 dias; 2.300 dias) significam esperança e julgamento.
11:40-45
“Tempo do fim” (1798-1844 d.C.); retoma o registro cronológico (em 11:25b-27,
1798/1801-):
- Intensificação dos ataques políticos
contra a Igreja (Concordata, 1801 d.C.; invasão dos estados papais por
Napoleão, 1809; papado forçado pelo estado italiano a se retirar, 1870
d.C.), dobrado com agressão intelectual secular (correntes
crítico-racionais: Darwin, Nietzsche, Wellhausen, 1850-1900 d.C.).
- Recuperação eclesiástica (Vaticano I:
1869-1870 d.C.; Tratado de Latrão: 1929 d.C.). Reconhecimento universal; por
isso, ameaça de perseguição contra o povo de Deus que escapará (como Edom,
Moabe e Amom).
- Movimentos de unidade (incluindo poderes
eclesiásticos e seculares).
- Frente nacionalista unificada contra o
campo de Deus (Armagedom): Fim.